É imensa a crise de Fé que assola os membros da Igreja em nosso tempo. Muitos
consideram que a atual crise que já dura pelo menos seis décadas, é a pior da
história da Igreja, superando inclusive a crise ariana e a falsa reforma
protestante de Lutero. O modernismo adentrou nas entranhas da Igreja,
arrebatando uma quantidade enorme de clérigos e fiéis que conscientemente ou
não, se deixaram influenciar por essa terrível heresia que prega a evolução dos
dogmas e uma “conversão” da Igreja ao mundo. Esse quadro devastador, cujas
raízes são antigas e profundas, piorou muito após o Concílio Vaticano II, e parece
ter atingido o seu auge no pontificado
de Francisco.
A essa pestilência (modernismo) juntaram-se ainda o
relativismo e o pastoralismo, que não foram suficientemente
combatidos dentro da Igreja nas últimas décadas, tamanho o crescimento que
alcançaram nesta.
O relativismo é uma ideologia que nega a capacidade
do homem de alcançar uma verdade absoluta, relegando tudo a mera opinião e
gosto de cada um. Na sua essência, o relativismo é totalmente anticristão e
anticatólico, uma vez que cremos num Deus que se encarnou, e que se revela como
a própria Verdade (“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (S. João 14,6.)), e
além disso, esse mesmo Deus fundou uma única Igreja que é a “coluna e o
sustentáculo da Verdade” (I Timóteo 3, 15.).
A Igreja é a responsável por guardar e transmitir a
Revelação ao longo dos séculos, sem nenhuma perda ou alteração no depósito da
Fé. O relativismo moral e em matéria de Fé é uma investida direta contra a
nossa Fé, pois ataca o fundamento da mesma, negando o primado de Deus em nossa
vida, substituindo-o por gostos, impressões ou opiniões pessoais. Quando
clérigos, por exemplo, de uma maneira completamente inacreditável e
inaceitável, ousam abençoar pares homossexuais *, determinados estes em
continuar com suas práticas depravadas e sodomitas, tais presbíteros
estão simplesmente colocando suas vontades acima da vontade de Deus, na
verdade desafiando-a, causando com isso um gravíssimo escândalo. Nunca é demais
recordar que o pecado de sodomia é um dos quatro pecados que clamam a ira
divina, e não pode de maneira alguma ser chancelado pela Igreja.
A Doutrina da Igreja não é um conjunto de normas
frias desligadas da nossa realidade quotidiana, mas é na verdade uma
explicitação das verdades de Fé e moral reveladas por Deus na Sagrada Escritura
e na Sagrada Tradição feitas pelo Magistério autêntico da Igreja, com auxílio
do Espírito Santo, para nos servir de guia e orientação e cuja adesão nos
é necessária para o nosso bem e salvação. O pastoralismo, que tem
se tornado muito comum em nosso tempo, é a elevação da atividade pastoral, que
deveria ser apenas a aplicação prática da doutrina já acolhida na Igreja, ao
nível de uma nova doutrina, capaz mesmo de substituir a doutrina de sempre, por
uma atualização circunstancial da mesma, que poderia até mesmo afirmar o
contrário do que se dizia até então. Em termos de Igreja é algo completamente
inconcebível e “no sense”, pois seria na prática a aplicação da
heresia do modernismo que prega a evolução dos dogmas e de uma adaptação da
Igreja ao mundo. Quando em nome de um falso acolhimento, ou de um
misericordiosismo, se nega, por exemplo, a realidade
do inferno, ou omite-se a necessidade da conversão de pecadores públicos,
corre-se o sério risco disso acabar contribuindo para que os mesmos
permaneçam em situação de pecado, colocando em perigo o destino eterno de suas
almas. Um verdadeiro conceito de misericórdia, não nega a Justiça divina, nem a
eternidade do inferno, nem mesmo afirma que o inferno está vazio, mas antes
convida cada pessoa à uma verdadeira conversão para que esta não seja acolhida
apenas na Igreja aqui na Terra, mas para que vivendo uma vida na graça, possa
ser acolhida também por Nosso Senhor no Céu após sua morte.
Estamos há poucas horas do início da primeira etapa
do Sínodo da Sinodalidade, e é fácil perceber que esse evento está aumentando
consideravelmente a tensão dentro da Igreja. O fato de se querer discutir
coisas que a princípio deveriam estar completamente fora de discussão, como por
exemplo, a ordenação de mulheres, já abordada (e negada) em tempos recentes por
São João Paulo II, e a possibilidade de benção de pares homossexuais*,
que é algo completamente inacreditável e surreal, contribuem para
desgastar desnecessariamente a Igreja, e ainda alimentar o germe da
rixa e da divisão. Sem falar em tantas outras coisas que são ventiladas aqui e
ali, como, por exemplo, a possibilidade de se admitir nos Sacramentos da
Eucaristia e Confissão, pecadores públicos não arrependidos de seus pecados,
como os que vivem em adultério e fornicação.
A Igreja está passando por uma enorme prova e
poucos são os que estão se dando conta dessa realidade. Fato é que nenhuma
reunião ocasional de bispos tem o poder de alterar a doutrina bimilenar da
Igreja. Na verdade, dadas as circunstâncias atuais,
não é de se duvidar que alguns tentem fazê-lo, fato é que Deus jamais
abandonará a sua Igreja, embora possa permitir que ela o imite, vivendo
também ela, a sua própria paixão em nossos dias. Não desanimemos, tudo dará
certo ao seu tempo, basta mantermos a confiança Naquele que tudo pode e que
sustenta com amor a sua Esposa. A tempestade, mais cedo, ou mais tarde vai
passar, e apesar da fraqueza e miséria dos membros da Igreja, ela
continuará santa e indefectível, até que o seu Senhor venha buscá-la na sua
volta gloriosa.
“Non praevalebunt!”
Nossa Senhora do Rosário, rogai pela Santa Igreja
Católica, para que ela triunfe sobre todos os seus inimigos!
* A inovadora, estranha, ainda não tão bem compreendida e nem mesmo assimilada distinção introduzida pela recente declaração Fiducia Supplicans de 18/12/2023 não está contemplada neste artigo, uma vez que o mesmo é anterior a referida declaração. Importante dizer que ao me referir criticamente às bençãos aos pares homossexuais, levei em consideração o entendimento lógico e habitual, que é o de não se separar os indivíduos da relação antinatural e pecaminosa que os vincula.
🙏🏼🇻🇦⚔️
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