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O fim de um tempo

Estamos provavelmente no fim de um tempo. Não posso afirmar que se trata do “fim dos tempos”, a Parusia, o retorno glorioso de Nosso Senhor Jesus Cristo que só Deus sabe quando se dará, mas apenas do término de uma era marcada por um esquecimento de Deus por parte  do homem que dá mostras (cansaço e vazio existencial do homem moderno) que está no seu ocaso. 

O processo de descristianização avançou a passos largos após a Revolução Francesa. Expulsaram Cristo da nossa sociedade, das nossas escolas e da nossa cultura. O homem virou as costas para Deus e hoje colhe o fruto amargo desta terrível escolha. Infelizmente, essa dessacralização penetrou até mesmo na Casa de Deus, e hoje a Igreja vive uma das piores e mais longas crises da sua história.

Em II Tessalonicenses 2, 7a., São Paulo nos diz que o “mistério da iniqüidade já está em ação”. Interessante notar que o tempo verbal usado pelo Apóstolo, “está”, indica presente. Ou seja, já na era apostólica o germe do Anticristo, que nega tudo que é sagrado e se levanta contra Deus, estava atuante. A Palavra de Deus também nos diz que algo detém essa manifestação derradeira do Anticristo (II Tessalonicenses 2, 7b.), mas não sabemos com clareza o que seria esse algo indicado na Sagrada Escritura. Segundo alguns autores, pode ser a Igreja em que está o Papa, os impérios cristãos, ou mesmo, os dois, segundo a interpretação de São Vicente Ferrer de Daniel 12. Fato é que o ímpio, o filho da perdição, só aparecerá quando a apostasia for generalizada. (II Tessalonicenses 2, 3.)

As aparições Marianas do século XIX e XX são uma resposta aos nossos tempos difíceis, Rue du Bac, La Sallete, Lourdes, Fátima e Akita no Japão são algumas das principais, e possuem o reconhecimento da Santa Igreja. A Virgem Maria, vendo o sofrimento de seus filhos, vêm em seu socorro por vontade de Deus. Seus apelos são sempre no sentido de uma maior comunhão e intimidade com Deus: vida de oração e penitência. 

Nosso tempo precisa urgentemente retornar para Deus e suas leis perfeitíssimas. Estamos assistindo a um novo ensaio, uma nova tentativa de se implantar um domínio anticristão no mundo. Dessa vez ele se insinua através de um ecologismo radical, imanentista e panteísta, onde o culto ao Deus único e verdadeiro é trocado pela veneração à mãe Terra (Gaia). Consequência dessa idolatria terrível é a desvalorização e relativização da vida humana que se manifesta sobretudo na banalização do terrível pecado do aborto e na implantação da cultura antinatalista. Cada vez mais o homem, a "única criatura da terra a ser querida por Deus por si mesma" (Gaudium et Spes, 24), é visto como uma ameaça ao meio ambiente, uma doença a ser combatida. A ideologia de gênero, o marxismo cultural e a ditadura do relativismo ajudam a completar esse quadro diabólico e devastador.

Se vivemos ou não o tempo final do Anticristo, não é possível afirmar, a única coisa certa a se dizer é que todos os inimigos de Nosso Senhor Jesus Cristo serão vencidos, sendo o Anticristo destruído pelo sopro da boca de Nosso Senhor. (II Tessalonicenses 2, 8.)

Por maior que seja a incompreensão e perseguição que tenhamos que sofrer por amor e fidelidade ao Senhor Jesus, sigamos firmes. Esta vida não é nada quando comparada com a vida eterna onde estaremos ao lado do Senhor, se perseverarmos na sua graça.

Aguardemos confiantemente o cumprimento da promessa do Triunfo do Imaculado Coração de Maria, predito em Fátima. Não sabemos tudo o que ainda teremos que passar antes que ele venha, nem como e quando se dará, mas é certo que ele virá, a Mãe falou.

Virgem do Rosário de Fátima, rogai por nós.

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