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O valor inigualável da Santa Missa

A Diocese de Cachoeiro de Itapemirim/ES, a qual pertenço, assim como muitas outras dioceses espalhadas pelo Brasil, adotou há mais de 30 anos o modelo de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) como alternativa pastoral ao modelo paroquial tradicional da Santa Igreja, mais estruturado em torno de uma Paróquia (Matriz).

A ideia de se criar comunidades pequenas e acolhedoras, onde o católico teria uma maior possibilidade de colocar seus dons a serviço da comunidade possui os seus atrativos, é inegável. O problema prático que se impôs é que em tais comunidades, é comum que se celebre apenas uma Santa Missa dominical por mês (ou, às vezes, nem isso!), e assim foi se substituindo na vivência religiosa dos fiéis, infelizmente, a centralidade única do Santo Sacrifício da Missa dominical. Temos uma geração tão acostumada com Celebrações da Palavra que no imaginário (e na prática) de muitos católicos, esta substituiu completamente a Santa Missa, sendo possível até ouvir alguns disparates de fiéis que dizem preferir ir a uma Celebração da Palavra do que à Santa Missa.

Como pudemos chegar a esse ponto? Com certeza, não foi um problema que aconteceu naturalmente, mas foi reflexo de anos de uma fraca catequese. Além disso, foi inculcado na mente de muitos fiéis quase que uma obrigação geográfica de se participar da comunidade local, como se fosse quase uma excentricidade ir a uma Santa Missa paroquial em detrimento da tão valorizada celebração comunitária. Na prática, para muitos, é como se o preceito dominical de ir à Santa Missa fosse suprido pela participação numa celebração da Palavra na própria comunidade, o que é um grave equívoco.

Não quero aqui, negar o valor das Celebrações da Palavra, mas elas não podem, de maneira alguma, ser equiparadas à Santa Missa, onde o único Sacrifício de Cristo na Cruz do Calvário é atualizado (torna-se presente). Na Santa Missa, o pão e o vinho se tornam o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo através da Consagração feita pelo sacerdote, que em virtude de uma especial união com Cristo que lhe foi conferido pelo Espírito Santo no sacramento da Ordem, age “in persona Christi”, ou seja, é Cristo quem age através dele. Quando absolve e consagra, o padre é apenas o instrumento do qual Deus se utiliza para realizar, Ele mesmo, essas ações. (fonte: Resposta Católica de 27/06/2013, Padre Paulo Ricardo)

Quem pode ir a uma Santa Missa dominical, deve ir a Santa Missa dominical (Cân. 1248 do CDC). Simples assim. É isso que a Igreja sempre nos ordenou. Não é porque a Santa Missa não é celebrada na minha rua ou no meu bairro que eu posso substitui-la comodamente por uma Celebração da Palavra ou outra forma de culto só por ser mais pertinho. Não foi essa a intenção da Igreja quando autorizou as Celebrações da Palavra. Na realidade, a impossibilidade de participar da Santa Missa se aplica mais a algumas situações bem específicas, como paróquias sem padre, ou pessoas que moram em localidades bem afastadas, e sem locomoção adequada. Aí sim, se justificaria a ida às Celebrações da Palavra.

A Santa Missa não pode se resumir a apenas um domingo por mês (ou menos que isso) na vida de um católico, é urgente e salutar que haja uma reestruturação, uma correção de rumo nas dioceses que adotaram e ainda mantém o modelo de CEBs, de maneira que o maior número possível de católicos volte a participar semanalmente da Santa Missa aos domingos. Isso sempre fez parte da essência da Igreja e do Catolicismo, e não pode jamais ser posto de lado, seja por qual motivo for.

O valor único e insubstituível da Santa Missa dominical precisa ser resgatado urgentemente na mentalidade dos fiéis de muitas dioceses brasileiras. Nenhum ganho pastoral que se poderia alegar nesses anos de CEBs, pode justificar esse enorme prejuízo espiritual, que foi imposto à atual geração de católicos.

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