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"Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram" (São Mateus, 2, 11b.)


Este pequeno mas importante versículo narra a primeira atitude que os Magos tiveram diante do menino Jesus, ao encontrá-lo em Belém, após uma exaustiva e duradoura viagem. Iluminados pelo Espírito Santo, viram mais que um simples menino, mas o Deus encarnado, o Deus menino.

Uma vez que reconheceram Deus, o que fizeram? Se prostraram diante Dele. Deus merece a nossa adoração, e só Deus merece a nossa adoração, e como não somos apenas espírito, mas também temos um corpo, devemos adorar a Deus com todo o nosso ser, com nossa alma, e também com o nosso corpo. 

O ajoelhar-se sempre foi na Igreja um gesto de adoração a Deus. Tanto é assim que na consagração, momento mais solene e importante da Santa Missa os fiéis se põem de joelhos diante do Deus que vem até nós nas espécies do pão e do vinho. Na antiga liturgia, o ajoelhar-se era ainda mais frequente, ocorrendo inclusive no início e no final da Santa Missa.

No entanto, nos últimos tempos, o ajoelhar-se diante de Deus, tem incomodado algumas pessoas, principalmente alguns membros da hierarquia, infelizmente. Recentemente, até um cardeal, que está à frente da diocese de Chicago, nos Estados Unidos, se sentiu encorajado a emitir um documento que recomendava aos fiéis que recebessem a Sagrada Comunhão em pé para facilitar o fluxo da procissão e para manifestar maior comunhão com uma diretriz da Conferência Episcopal Americana.

Como que pudemos chegar a esse ponto? Em que o ajoelhar-se diante de Deus, ou seja, o adorar a Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia, pôde se tornar na cabeça de alguns, apenas um incômodo, um gesto de falta de comunhão com a Igreja ou pior, vontade de aparecer e de ser diferente?

As causas dessa tragédia são antigas e extensas, e irei citar apenas dois pontos: a fraca formação doutrinal do clero das últimas décadas e também o antropocentrismo que adentrou na Igreja.

Se o sacerdote durante a sua formação não cultivar o mais profundo amor a Jesus Eucarístico, chegando erroneamente a nivelar a  Presença Real no Santíssimo Sacramento com as outras formas em que Deus se faz presente, pode acontecer que em algum momento ele venha interpretar (equivocadamente) que a adoração a Deus manifestada no ajoelhar-se diante da Eucaristia, possa atrapalhar as outras formas de comunhões (com a assembleia, com a conferência episcopal, etc.). Tal  pensamento, obviamente, não se sustenta, primeiramente, porque Deus merece  que nos ajoelhemos diante dele (e só Ele sabe a motivação do fiel que se ajoelhou), e segundo, porque a própria Igreja através de suas normas dá essa liberdade aos fiéis. Tal imposição por parte da autoridade eclesiástica é um abuso inaceitável que precisa ser corrigido urgentemente em nosso tempo.

Desde os anos 60, após o Concílio, se fez tanto esforço (muitas vezes infrutíferos e equivocados) para agradar o homem e atraí-lo para Igreja, que agora se chegou ao ponto de se considerar um incômodo ter que lidar com católicos que ousam atrasar em alguns segundos a fila da Comunhão com o seu gesto "medieval" (ironia) de ajoelhar-se. Devemos buscar agradar ao Senhor e não aos homens, todo antropocentrismo que adentrou na Igreja nas últimas décadas precisa ser urgentemente corrigido.

A Igreja está vivendo uma das maiores crises da sua história, e tem tanta coisa errada para se consertar e combater, que perder tempo perseguindo comunhão de joelhos e na língua é apenas um indicativo de quão grave é a atual crise. O que precisamos é de um resgate da Piedade Eucarística, aumentando e não reduzindo os gestos externos de adoração ao Senhor, além de combater com todas as nossas forças os sacrilégios e profanações que, infelizmente, muito se difundiram em nosso tempo.






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