Há uma passagem nas profecias de Fátima, que raramente recebe a merecida atenção em um dos seus pontos. Numa carta de 1982, em que a irmã Lúcia escreveu ao Papa São João Paulo II, lemos o seguinte: « A terceira parte do segredo refere-se às palavras de Nossa Senhora: “Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas” (13-VII-1917).
Quero me deter aqui de maneira
especial sobre os bons. Quem seriam estes bons? Na
verdade, “só Deus é bom”, e nós somos bons na medida que nos deixamos transformar
pela ação da graça divina em nossos duros corações. No entanto, embora só Deus
consiga enxergar o que há dentro do homem, Nosso Senhor nos alertou que
poderíamos conhecer as árvores pelos seus frutos. Quem seriam então estes bons,
mencionados, por irmã Lúcia? Ora, a chave de leitura em primeiríssimo lugar
deve se dirigir àqueles que procuarm ser fiéis a Deus, à sua Lei perfeitíssima
e à Santa Igreja Católica, mas, ainda que Fátima não venha trazer nada de novo,
mas apenas recordar as coisas antigas, não desprezemos algum realce, ou
atualização que nos é oferecido pelas suas mensagens proféticas.
Fátima vem nos lembrar
verdades esquecidas e aparentemente inconvenientes, como por exemplo, a existência e a eternidade do
inferno, mas, em especial, gostaria de me deter aqui, nos “erros da
Rússia” que se espalharam pelo mundo. Mas o que seriam esses erros? Alguns
estudiosos dizem que tais erros seriam o comunismo-ateu. Embora Marx fosse
alemão, a Rússia foi a primeira nação a adotá-lo na prática. A ideia de um estado centralizado, forte e opressor, não era uma
novidade, mas ganhou músculos com o comunismo. Sua pretensão de substituir
Deus, inclusive com o culto de personalidade de seus ditadores, é algo muito
notório nas nações em que esta tragédia se instalou. E é aí que se encontra a
raiz da questão: o comunismo é uma nova religião anticristã que envenena as
mentes e as almas, e que, infelizmente, continua muito vivo a ativo no mundo,
ainda que muitos queiram nos iludir dizendo que ele acabou com a queda do muro
de Berlim.
Durante o covidismo, pudemos ter uma ideia mais clara de como os ideais anticristãos e anti-humanos do comunismo já haviam penetrados profundamente na sociedade e nas instituições. Bastou um comando, no caso específico, uma preocupação com a saúde, para que viessem à tona coisas horríveis como, por exemplo, a perseguição absurda a todos àqueles que ousavam questionar os novos dogmas sanitários irracionais e desproporcionais. Não irei me deter aqui nesses abusos estatais já reiteradamente denunciados por mim e muitos outros em diversas ocasiões, quero apenas lembrar que tal situação acabou também por revelar e de maneira única na história, o nível de capilaridade e influência do pensamento comuno-positivista-facista. Penso que a maior parte das pessoas tenha agido como inocentes úteis, achando que talvez estivessem fazendo algum tipo de bem ao seguir ditames irracionais e desproporcionais, de qualquer maneira, tivemos um “raio-x” de toda a sociedade, que não pode ser esquecido, nem desprezado.
Findo o parêntese do covidismo para manifestar aqui uma reflexão que tive sobre a mensagem de Fátima. Quem sabe, os “bons” do nosso tempo mencionados em Fátima, não poderiam ser também encontrados entre aqueles (católicos e ainda não-católicos) que se recusaram e se recusarão, com a ajuda de Deus, a queimar incenso para o “César” (às vezes, com roupagem democrática) do nosso tempo? E que estes, por fidelidade às suas consciências, seriam injustamente perseguidos, e se não chegassem ao ponto de derramar o seu próprio sangue, pelo menos sofreriam uma espécie de "martírio branco" por não se dobrar ao Leviatã atual, e por isso teriam os seus direitos (incluído o de ter uma legítima boa fama), suas vidas e famílias arruinados? Digo isso pensando, de maneira especial, num jovem brilhante, e cheio de qualidades chamado Filipe G. Martins, ex-acessor de Bolsonaro, que jaz há 100 dias numa prisão (com relatos de três dias na solitária), por conta dos caprichos tirânicos de um juiz da suprema corte brasileira conhecido por seus reiterados abusos.
Há de se pensar seriamente,
se a profecia de Fátima já não começou, em alguma medida, a ser cumprida em
terras brasileiras. Seja como for, mais do que nunca,
não é hora de ceder ao medo, mas de relembrarmos que não é possível ter vitória
sem cruz, e se na vida quotidiana já é necessário carregá-la, talvez
precisemos, se a Providência assim o quiser ou permitir, carregá-la também como cidadãos,
por sermos fiéis ao bem e à verdade.
Honremos, meus compatriotas,
com a ajuda de Deus, o antigo nome da nossa Pátria, e a Fé Católica daqueles
que arriscaram suas vidas atravessando o outrora inexpugnável Atlântico para
nos fazer cristãos.
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