Quem tem perto dos seus cinquenta anos, ou mais, pôde provavelmente experimentar através dos meios comunicação de massa e do ambiente político pós regime militar, um longo e profundo processo de condicionamento que levou o assim chamado sufrágio universal a um patamar elevadíssimo em nossa sociedade, uma verdadeira panaceia que seria capaz de sanar todos os nossos problemas. Isso começou a ficar evidente desde o famoso movimento das “Diretas Já” que uniu políticos de todos os espectros no Brasil.
A verdade é que o atual regime que diz ser baseado na soberania popular é apenas um entre tantos e tem se mostrado, cada dia mais, estar muito aquém daquilo que as sociedades esperam dos seus agentes políticos que é a promoção do bem comum. O fracasso fica evidente quando percebemos que o crime é premiado, inocentes são condenados e recentemente o Estado através das suas instituições, ditas democráticas, tem se tornado cúmplice, quando não incentivador, de assassinatos intrauterinos de bebês de sete meses. É um sinal de profunda decadência para um Estado quando este falha numa de suas missões básicas que é a proteção de um ser humano inocente e indefeso, e se em vez disso, este promove a sua supressão, podemos afirmar, sem dúvida alguma, que já chegamos ao fundo do poço.
As democracias liberais afastaram-se do Catolicismo, dos seus valores e princípios, abraçaram o relativismo e o positivismo, trocando a Lei Natural, cujo autor é Deus, por uma agenda progressista que em sua essência é anti-humana e anticristã. Não é de se admirar que as sociedades ocidentais experimentam atualmente o caos, a violência, a decadência e ameaças de guerra. A rebeldia oficial das nações contra Deus e suas leis não poderia dar em outra coisa.
Colocar a esperança em eleições periódicas, num sistema corrompido até a medula é ingenuamente querer tratar uma doença grave e terminal com placebo. Tais eleições, infelizmente, tem tido na maioria das vezes apenas um efeito cosmético, quando não entorpecente, servindo para jogar para debaixo do tapete os gravíssimos problemas que nos ameaçam.
O que vimos recentemente na Venezuela do ditador Maduro é apenas a forma mais descarada de uma impostura que tem se repetido de maneira similar nas ditas democracias liberais. Quem não se lembra das sérias dúvidas que pairaram (e pairam até hoje!) nas eleições de Biden em 2020 e de Lula em 2022? Não dá mais para negar que os atuais sistemas eleitorais, que estão sujeitos às mais vis manipulações, mais ou menos perceptíveis, esgotaram-se. A desconfiança e o cansaço do povo em relação a esses sistemas chegaram à níveis recordes. O atual comparecimento do povo nas ditas eleições, muito provavelmente se dá muito mais pelo receio deste se considerar omisso, ou de estar desrespeitando alguma lei, do que propriamente pela confiança no atual sistema.
Fato é que não adianta as TVs continuarem sua propaganda em torno da “festa da democracia”, essa conversa já não convence há muito tempo. Muitos já veem a grande mídia como parte da casta, assim como as cortes jurídicas e aparatos estatais, que se nutre desse verdadeiro processo de adormecimento de consciências e manutenção do status quo que se tornaram as eleições periódicas. A birra atual com as redes sociais se deve simplesmente porque aquilo que os cidadãos conseguiam perceber isoladamente com suas próprias inteligências, pode agora ser compartilhado, e de repente muitos perceberam que não estavam assim tão sozinhos na multidão, e isso assustou um sistema caduco, excessivamente confiante na blindagem feita por anos a fio por uma mídia complacente. Poucas coisas incomodam tanto um sistema baseado na massificação da informação e na implantação do coletivismo como o exercício da inteligência humana, essa dádiva divina, atributo de nossa alma racional que nos distingue dos animais irracionais. Não é de se admirar que neste cenário, aqueles que atualmente questionam os dogmas democráticos tem tido tratamento mais severo do que os criminosos comuns por parte dos zelosos guardiães da democracia.
Os esquerditas, em geral, são muito apegados à questão da maioria, e precisam dela a qualquer custo, para tentarem dar algum ar de legitimidade aos seus governos capengas e sem lastro moral, uma vez que o socialismo é antinatural. Daí o vexame que se sujeita o senhor Maduro, que exposto ao mundo inteiro, pelas atas eleitorais divulgadas pela oposição, tem recorrido à truculência e ameaças para tentar se manter no poder
O que está acontecendo na Venezuela deve servir de alerta para o Ocidente. Não é o apego exagerado a um efêmero critério de maioria que irá fazer com saiamos da dramática situação na qual nos encontramos. O relativismo moral e religioso fez com que nos apegássemos desordenadamente a isso, e tal relativismo está na base da nossa atual decadência.
Nossas instituições, governos e Estados precisam se deixar iluminar e transformar pela luz e pela Verdade de Cristo Jesus e da Sua Santa Igreja. O Evangelho, a Doutrina Social da Igreja e um profundo respeito à Lei Natural são a única forma de sair do presente atoleiro. O resto é apenas ilusão e perda de tempo.
Luciano Perim Almeida
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