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A discussão do PL 1904/2024 e a mornidão dos católicos brasileiros

 "Pode haver uma legítima diversidade de opinião entre os católicos sobre a guerra e a aplicação da pena de morte, mas não sobre o aborto e a eutanásia.”

(Cardeal Ratzinger aos bispos americanos em carta de 2004)

Não é nenhuma novidade que a Teologia da Libertação causou um gravíssimo dano na Igreja Católica no Brasil, infiltrando-se nos seminários e comprometendo seriamente a formação dos nossos sacerdotes. Também não é novidade que o brasileiro é conhecido por ser passional nos seus posicionamentos, conciliando coisas improváveis e, ás vezes, até impossíveis. No caso específico da simpatia pelas pautas socialistas e por partidos esquerdistas como PT e PSOL, não é esta apenas uma questão cultural, mas deve-se sobretudo a uma péssima base religiosa, que pode ter suas raízes, na já citada comprometida formação do clero.

Por ocasião das eleições de 2022, não era incomum ver posicionamento de católicos, até mesmo de alguns membros da hierarquia, justificando o voto no PT, e alguns diziam que era porque Bolsonaro era favorável à flexibilização do armamanento da população. Nem mesmo quando se argumentava que o PT era um partido historicamente abortista, entranhado na corrupção, as pessoas se sensibilizavam. Tivemos um pleito enviesado, com sinais de manipulação, onde até mesmo citar as falas de Lula favoráveis ao aborto foi proibido. Quem não lembra do então candidato petista, num momento super-sincero em abril de 2022, lançando mão da velha retórica marxista de luta de classes para defender o direito ao aborto como uma questão de saúde pública? (https://www.youtube.com/watch?v=stvviE7eIm8)

A coisa é muito mais profunda. Há um movimento internacional, capitenado pela ONU, OMS, e algumas fundações bilionárias que se empenham ferozmente na liberação geral e irrestrita do aborto em todo o mundo. Esse movimento astuto, utiliza de linguagem eufemística e manipuladora, para que aos poucos possam ir se alterando as legislações nacionais que ainda colocam restrições a esse nefando crime, isso quando não se tomam atalhos via Judiciário como já ocorre no Brasil através do STF. Uma diferença no Brasil, é que nos outros países, políticos costumam assumir posições mais transparentes a este respeito, arcando com os ônus dessa opção infanticida, já aqui tudo é escamoteado de maneira a iludir a população mais simples para que esta não vincule naturalmente candidatos e partidos comuno-socialistas com a defesa do aborto.

Acontece que a verdade é insistente. Quanto maior é o esforço para escondê-la, enterrá-la, mais ela reage querendo vir à tona. Recentemente, um ministro do STF, famoso por suas interpretações abusivas das leis, e também pela imposição da perseguição política aos manifestantes brasileiros do 08/01, resolveu “chutar o pau da barraca”. Até  onde sabemos, tal ministro não é conhecido por um alto saber médico-científico, mas mesmo assim resolveu suspender uma liminar técnica do CFM que acertadamente proibia uma prática cruel e infanticida que consistia na aplicação de cloreto de potássio nos coraçãozinhos de bebês viáveis para matá-los (causando-lhe antes um grande sofrimento), prática esta proibida até para eutanásia animal.

O PL 1904/2024, que está despertando um caloroso debate, visa exatamente reagir à bárbara e absurda ação de Alexandre de Moraes e com isso acertadamente igualar às penas de quem mata um bebê viável ao que pratica um homicídio. É um ótimo projeto. Essa conversa de que esse projeto é machista é diversionismo. É uma lei justa, bem embasada, e sem prejuízo para os bebês de menor tempo gestacional, e além disso, altamente pedagógica, porque despertará a atenção do povo para a gravidade do crime de se matar uma criança no ventre materno. Não é ainda uma lei ideal, mas é uma boa lei dadas as circuntâncias. 

Infelizmente, vivemos hoje um momento muito confuso e relativista, ontem mesmo recebi de um católico, um “print” contra o PL 1904/24, citando alguns slogans estranhos e completamente sem sentido como: “Criança não é mãe! Estuprador não é pai!”, “Não ao PL1904”, “Fora Lira” e ainda um mão feminina fechada em punho com um lenço em verde (que é um símbolo do movimento abortista). E foi exatamente isso que me motivou a  escrever este texto.

Não é possível tervigersar diante do mal do aborto. Os promotores do caos, aqueles que se deixam influenciar pelas mentiras do demônio, que é homicida desde o princípio,  ao lutar pela despenalização do aborto e do infanticídio, acabam por colocar toda a estrutura da sociedade em xeque, porque se nem um ser humano inocente e indefeso, pode ser protegido pela lei, a injustiça passa a ser a regra.

Posicionar-se contra o aborto é inerente ao católico, ao cristão, e digo que é algo nato a qualquer ser humano. Precisamos reagir com força, sabedoria e coragem, e com a ajuda de Deus, a essa terrível ameaça que paira sobre a Terra de Santa Cruz! Não temamos rotulagem, não nos acanhemos diante de slogans estúpidos.

Deus lo vult!

Luciano Perim Almeida

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