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Não sejamos católicos avestruzes. Fingir que não há uma grave crise não irá saná-la.

Há pouco mais de três anos, estava eu a conversar com dois amigos católicos na minha casa e comentávamos sobre a atual crise na Igreja. Entre comentários e observações, um dos meus amigos fez uma importante intervenção, que naquele momento me pareceu inspirada. Não sei se ele já tinha lido alguma coisa a este respeito no passado ou não, (e sinceramente, não consigo me lembrar, com certeza, se lhe perguntei sobre isso, provavelmente não) fato é, que a sua fala me pareceu muito oportuna, e cada dia que passa tem se confirmado cada vez mais. Ele disse, simplesmente, que Deus estaria permitindo a atual crise na sua Igreja para que o joio pudesse se manifestar de maneira ainda mais clara. Também acredito que Deus possa estar usando da atual crise para purificar a sua Esposaembora tenha plena consciência que não conseguimos compreender os desígnios de Deus em todos os seus desdobramentos.

Sabemos que a Igreja há tempos sofreu infiltração sorrateira na sua parte humana e frágil pelo pensamento maçônico e comunista, e algumas vezes não só por ideias, mas também pelos seus próprios inimigos. E que estes inimigos da Santa Igreja fazem de tudo para miná-la desde dentro, agindo no sentido de tentar eclipsar e comprometer seu testemunho no mundo. Se é verdade que Nosso Senhor nos garantiu que as portas do inferno não iriam prevalecer jamais, isso não quer dizer que a Igreja não passaria por tempos difíceis, ou seja, ela deveria seguir o seu Mestre e Senhor, cabeça da Igreja, no seu caminho do calvário.

Negar a atual crise da Igreja é inconcebível e só pode ser fruto de alienação, ignorância ou,  infelizmente, má fé. 

A heresia modernista, a teologia da libertação marxista, os erros amplamente abraçados de Karl Rahner, o relativismo moral e religioso, o progressismo, o imanentismo, e mais recentemente o ecologismo radical e cientificismo, são feridas abertas na Esposa de Cristo que precisam ser remediadas, mas a reação a esses desvios que se arrastam há décadas, mas que se intensificaram nos últimos anos, parecem não estar acontecendo com a força e urgência necessárias. Mais recentemente  algumas ações de membros da Cúria Romana deram a impressão que o problema mais urgente a se tratar na Igreja hoje, seriam os abusos de alguns tradicionalistas, que tiveram uma reação firmíssima (com consequências dolorosíssimas para esse grupo de fiéis) por parte de Roma. Enquanto isso, abusos litúrgicos  e desvios da doutrina tem se espalhado como nunca pelo mundo católico.  Apenas para dar um exemplo de como as coisas andam estranhas em nosso tempo, até o presente momento ainda existe diocese, alegando motivações sanitárias, para proibir a distribuição da Sagrada Eucaristia na boca dos fiéis, o que contraria as regras seculares da Igreja (plenamente em vigor), que indicam esta forma de distribuição como a ordinária, enquanto que a distribuição da Santíssima Eucaristia nas mãos do fiéis sabemos ser apenas um indulto que, em tese,  poderia ser revogado a qualquer momento.

Nesse tempo difícil em que a Providência nos pôs, não podemos nos dar ao luxo de fingir que nada está acontecendo, e dar de ombros para aquela que talvez seja a maior e pior crise da Santa Igreja de todos os tempos. O católico precisa urgentemente conhecer melhor os fundamentos da sua Fé, também ajudaria muito, no atual contexto, conhecer os limites de uma verdadeira obediência aos superiores humanos, segundo o ensinamento perene da Igreja.

Meu conselho fraterno aos irmãos nessa grave hora é simples: sejam coerentes com a sua Fé, não desprezem o sensus fidei, formem-se e tenham coragem de resistir ao erro e a mentira quando eles se manifestarem. Como leigos, não integramos o Magistério, mas isso não quer dizer que não temos responsabilidades perante à Igreja e perante Cristo. Temos dons que nos foram confiados pelo Espírito que nos ajudam a  perceber quando algo está errado, quando uma nota desafina e  isso pode ser observado na seguinte passagem da Sagrada Escritura: “vós, porém, tendes a unção que vem do Santo, e todos vós possuis a ciência”, “a unção que recebestes dele [Cristo] permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine (...) mas como sua unção vos ensina tudo” (1Jo 2,20.27). 

Não nos omitamos nessa grave hora, Jesus e a Igreja querem contar com nosso testemunho fiel. Que o bom Deus nos conceda sua graça para que façamos tudo aquilo que Ele espera de cada um de nós.

Luciano Perim Almeida

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